Política
Populismo - o conceito volta à circular nos meios de comunicação, redes sociais e média e grande imprensa. Estão denominando "o populismo de direita", referindo-se a candidatos reacionários que perdem eleições nos países europeus. Espero que as forças progressistas brasileiras, à chamada esquerda, não caiam no conto desses pseudo-intelectuais. O conceito de populismo sempre se voltou contra os partidos e políticos que incluíram a maioria menos favorecida deste país, que defenderam a presença do Estado na economia como forma de participação das classes médias vinculadas ao povo. Como escreveu Nelson Werneck Sodré, um conceito a ser arquivado.
Educação, formação e escola social
Contribuir com informações, sugestões, ferramentas e debates para a construção de uma escola do pré a posgraduação adequadas a dignidade humana e do povo brasileiro.
domingo, 4 de dezembro de 2016
domingo, 13 de novembro de 2016
Proclamação da República: lembranças da proclamação ao golpe de 31 de agosto de 2016
Esboço
para aula sobre 15 de novembro:
a
proclamação da República em tempos de golpe parlamentar
PRELIMINARES:
1. Professor,
evite aquelas aulas debochas onde se pratica o escrachamento dos personagens
históricos como essa prática imbecil e vergonhosa fosse uma “aula crítica”. O
pior é se você fizer isso sem ter estudado, pesquisado, rascunhado, buscado
boas fontes ou se fundamentado apenas num único livro e didático ainda.
2. O Professor
de História deve ser exemplo de vida, de leitura, de consulta, de seriedade nas
aulas que ministra. Mostre aos seus alunos que você consulta fontes, está
atento à historiografia da República, que não é um professor linguarudo.
Mencione os livros que consultou.
3. Minha
sugestão para preparar uma boa aula sobre a História da República:
Introdução
à revolução brasileira – Nelson Werneck Sodré – há um capítulo bem
resumido e claro.
O que se
deve ler para conhecer o Brasil – Nelson Werneck Sodré – capítulo sobre
o asssunto apenas.
História
Nova do Brasil – volume 4 – Joel Rufino e outros
História
do Brasil – Renato Mocelin
Esquema da aula
I. A
República no mapa cronológico da nossa história:
1500 –
chegada dos europeus e tomada das terras dos indígenas
1822 –
divisão do reino português em 2 (Brasil e Portugal) entre membros da família de
Bragança. A denominada “Independência do Brasil” no dia 7 de setembro.
1888 –
Abolição da Escravatura no Império do Brasil pela Princesa Isabel.
1889 –
Proclamação da República na cidade do Rio de Janeiro, pelo Marechal Deodoro da
Fonseca.
II.
Interpretações sobre a proclamação da República: por que caiu o Império?
A proclamação
da República foi um golpe militar:
a) Aristides
Lobo: o povo assistiu a quartelada “bestializado”. Consultar o historiador José
Murilo de Carvalho;
b) Marechal
Deodoro era monarquista e queria apenas derrubar o Gabinete do Primeiro
Ministro;
c) O Império era
democrático e a população aprovava o governo de Dom Pedro II, embora tivesse
receios com relação à sua sucessão.
d) Este é o
ponto de vista dos estudiosos simpáticos à Monarquia e atuam em nossos dias.
e) Acreditam que
a queda do Império se deveu as famosas questões militares, escravagista e
eclesiástica.
A proclamação
da República foi a concretização da vontade popular
a) Os
brasileiros muito antes da proclamação da República manifestavam seu desejo de
tê-la como forma de governo. As revoluções durante a regência e no Império
atestam isto. Cabanagem, Inconfidência Mineira, Praieira, Farroupilha.
b) O Exército
apenas captou este sentimento popular e deu expressão pública.
c) Consultar
Nelson Werneck Sodré, especialmente seu livro “A república”.
d) Defendem a
tese de que a República seria inevitável diante do acelerado processo de
capitalização mundial, o Brasil e seu velho modelo não combinavam mais com o
progresso tecnológico, as novas exigências na esfera do trabalho e das novas
relações dele advindas. O Brasil estava sendo inserido nas mudanças econômicas,
políticas e sociais que varriam a Europa e a América do Norte.
III. O que
seria a República?
1. Sociedade
democrática e cidadã: (a) onde não haveria distinção entre classes
(escravos x senhores). (b) onde todos teriam direito ao voto sem distinção
financeira. Lembremos que a República deixou os analfabetos (até 1988) e as
mulheres (até 1930) fora do voto. (c) onde não houvesse distinção entre as
pessoas (a família real possuia imunidade).
2. Sociedade
laica. Sem religião oficial. Sem privilégios para a religião oficial. Até
em nossos dias as monarquias variam da teocracia para as de religião oficial
seja ela católica (Espanha), anglicana (Inglaterra) ou Luterana (Suécia),
exemplos apenas.
3. Sociedades
com relações trabalhistas remuneradas. Introduziu-se no Brasil o trabalho
assalariado. Vale registrar como eram as condições de trabalho, a jornada e a
remuneração na primeira fase da República (1889-1930). Permaneceu a jornada
acima de 10 horas diárias, trabalho feminino com baixa remuneração e o trabalho
infantil. Disso resultaram os movimentos sociais de 1920 influenciados pela
revolução soviética. A conquista de Direitos tem sido uma constante luta dos
trabalhadores, tentando sempre podem, as elites políticas reduzí-los, negar ou
não cumprí-los como assistimos no ano 2016 com o governo golpista de Michel
Temer e parlamentares corruptos.
4. A inserção
do Brasil no programa econômico mundial, o capitalismo através do processo
acelerado de industrialização vigente no continente Europeu e nos Estados
Unidos. A economia brasileira era voltada exclusivamente para a produção
respaldada na agricultura. O importante aqui era a terra, o latifúndio. Como
escreveu, Alberto Passos Guimarães, foram 4 séculos de latifúndio.
Aniquilada,
formalmente, a prática da escravidão precisaria se firmar o trabalho
assalariado, para o qual o Brasil ainda não possuia grande estrutura e orientação
segura. A resistência à industrialização será marca de parte da burguesia
brasileira atrelada à terra e só será vencida pela Revolução Nacional
Democrática em 1930.
IV. Etapas da
República ou Revolução Burguesa no Brasil
1889-1894 –
Consolidação do regime republicano. Pode-se estudar seus presidentes no
conjunto ou separadamente. Tentativa de golpe restaurador da Monarquia
pela Marinha gaúcha, através de Gumercindo Saraiva.
1894-1929 –
República Velha, Oligárquica ou do Café com leite. O presidente marcante da
época, Campos Salles. As elites federais, sediadas na capital da República (Rio
de Janeiro) se articulavam de modo a favorecer suas secções nos Estados.
Governo do latifúndio, inflação, desemprego, atraso tecnológico, políticas
sociais como caso de polícia, repressão às reivindicações populares. Há um “semi-golpe
parlamentar” dado por Campos Salles para selar o domínio das
oligarquias paulistas no governo.
1930-1964 –
Era Vargas: Revolução Nacional Democrática – Revolução Brasileira. Constituição da Nação Brasileira, do Estado
Brasileiro. Processo acelerado de industrialização. Intensos debates sobre o
nacionalismo econômico, político e cultural. Generalizado movimento social de
massas em defesa da nacionalização do petróleo e das reformas de base. Pautas:
reforma agrária, fiscal, universitária e urbana. Várias tentativas de golpe
antinacionais, anti-trabalhistas, antissociais: 1944 pelos generais para
destituir Vargas; 1954 para impetimar Vargas novamente; 1955 para impedir a
posse de Jucelino Kubitschek; 1961 golpe com Jânio Quadros; 1963 golpe do
parlamentarismo para impedir as reformas de base; 1964 civil-militar para
impedir avanço das forças sociais em defesa da ampliação da democratização
plena da sociedade brasileira. Foi um golpe de natureza anti-naciona,
anti-democrático e anti-popular. A influência do ISEB e de Paulo Freire na
Educação e na Política Brasileira.
1964-1985 –
Parentese autoritário: golpe civil militar. Inflação galopante. Desemprego.
Perseguição política. Terrorismo cultural. Época dos atos institucionais.
Política pautada no fascismo e no nazismo. Processo de profunda alienação dos
professores, políticos e da população. Ideologia do anti-comunismo.
Assassinatos. Polícia Política. Desaparecimentos. Exílios. AI-5 em 13 de
dezembro de 1968. Resistência popular e sindical. Atuação da Igreja
Progressista. UNE revolucionária. Desmonte das universidades e instituições de
pesquisa. Doutrinação ideológica nas escolas públicas e privadas. Censura nos
meios de comunicação.
1986-2016 –
Nova República – luta entre neoliberalismo e trabalhismo.
(a) Eleição
indireta para presidência. Misteriosa morte de Tancredo. Não realização de
novas eleições. Plano Cruzado. Fiscais do Sarney. Transição nas “boas mãos do
conservadorismo”.
(b) Introdução
do neoliberalismo na Economia e na Política. Governo Collor. Impedimento do
Presidente. Escândalos. Collor será absorvido décadas depois. Confisco da
poupança. Golpe parlamentar e reacionário dentro da própria direita.
Semelhanças com o Governo Jânio Quadros. Geração dos “cara pintadas”. Congresso
da UNE e o Fora Collor. Revolução educacional feita no Governo Brizola no Rio
de Janeiro. Darcy Ribeiro. Governo FHC. Privataria tucana. Desnacionalização.
Tentativa de aniquilamento do ideário Varguista. Resistência. Falsa sensação de
estabilidade econômica.
(c) Ascenção das
camadas populares e do sindicalismo ao Poder. Eleição de Lula e Dilma Rousseff.
Programas de resgate social e acesso à cidadania. Programas de bolsas, família,
escola, pós-graduação. Não cessaram os programas neoliberais de privatizações.
Alianças com a burguesia na política econômica e nas reformas. Reforma agrária
com lentidão. Políticas públicas para com a saúde e envolvendo especialmente o
Nordeste brasileiro. Programa “Mais médicos”. Forte oposição da burguesia e da
Ofensiva Reacionária. Parlamento majoritariamente de Direita começa bloquear a
pauta do Governo. A carta do golpe: churumelas de Michel Temer vazam nas redes
sociais. Fascistização da sociedade brasileira nos campos da psicologia
coletiva, judiciário, mídia e partidos.
Perseguição ao PT, travestida de luta contra o comunismo, usando a
figura do juiz federal de primeira instância Sérgio Fernando, filho do fundador
da UDN em Maringá. Manipulação do mensalão e da Lava Jato em benefício das
forças retrógradas do país, respaldadas no domínio absoluto que a religião
fundamentalista e as empresas anti-nacionais de comunicação possuem. Campanha
difamatória, mentirosa, orquestrada por Senadores envolvidos em corrupção
contra o Governo Dilma Rousseff. Golpe parlamentar, de caráter neoliberal,
anti-constitucional, tendencioso, nos moldes do pré-1964 vinga. Derrubada do
governo popular eleito em 2014. Onda de governos fascistas eleitos nas unidades
da federação. Governo policialesco de Alckmin em São Paulo. Paraná marcado pelo
massacre dos funcionários públicos em Curitiba sob as ordens do Governador
Campos Salles e do Secretário Fernando Francisquini. Política externa
brasileira voltada para os países do Terceiro Mundo que necessitam de
desenvolvimento econômico, solidarismo internacional. Tentativa reacionária de
intervenção por parte de parlamentares em mudanças de governo nos países
revolucionários da América do Sul.
2016 - Golpe
de Estado Parlamentar – Governo Interino usurpador – Este governo, que nos
poucos meses em que usurpou o Palácio do Planalto, já deu provas de que veio
para entregar o patrimônio nacional às empresas estrangeiras, cujos componentes
estão envolvidos nos esquemas de corrupção do país embora tenham posado de santos
o tempo todo, que está atacando os direitos dos trabalhadores, desdenhando das
questões sociais, tratando-as como casos de polícia, implementando sem
consultar a população reformas contra os trabalhadores (previdência) e contra a
Educação, reduzindo suas verbas e destruindo seu currículo, foi mentalizado
pelo Deputado Federal Eduardo Cunha tendo contado com o empenho do Juiz Sérgio
Fernando, dos promotores evangélicos e da banda podre do Congresso Nacional, a
maioria parlamentar cujos elementos integram a UDN nacional. Forte movimento
social pelo “Fora Temer”. Ministros envolvidos em escândalos. Alinhamento com
as nações centrais do capitalismo contemporâneo. Corte nas políticas públicas
que envolvem os pobres e necessitados.
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Desprofessores nas licenciaturas e a deseducação paranaense
Professora de disciplina específica, assim apelidada, de um Curso de Licenciatura olha na mesa um livro sobre Educação, formação de professores e ensino de ciências na escola básica. Diz que sente enorme preguiça de ler "esse tipo de livro".
E a escola básica continua sendo uma porcaria no Brasil. Culpa do Governo? Um pouco, não apenas.
E a escola básica continua sendo uma porcaria no Brasil. Culpa do Governo? Um pouco, não apenas.
(História da livre indecência na educação superior do Paraná: 14/08/2014)
domingo, 22 de junho de 2014
Ensino de História: A União Soviética e Segunda Grande Guerra
Grande Guerra Pátria: memória e dor pelos heróis (fotos)
- Foto: RIA Novosti/Vladimir KornevNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Mikhail MokrushinNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Vitali BelousovNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Vitali BelousovNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Vitali BelousovNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Vitali BelousovNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Vitali BelousovNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
- Foto: RIA Novosti/Kirill BragaNa foto: ação em homenagem ao Dia da Memória e Dor.
Em 1941, o programa de industrialização do país apenas começava a acelerar, nas forças armadas começou um rearmamento em massa. Mas não foi possível terminar esses planos grandiosos e o país não estava pronto para a guerra. E embora os serviços de reconhecimento informassem que Hitler se preparava para a invasão, no Kremlin não queriam acreditar que a Alemanha violasse o pacto de não-agressão, assinado pouco antes.
As unidades alemães atravessaram a fronteira no alvor de 22 de junho. A aviação fascista, onda a onda, bombardeaou aeródromos e unidades soviéticas aquarteladas na fronteira. A artilharia pesada disparava sem parar. No primeiro dia foram destruídos 1200 aviões, centenas de tanques. A situação complicou-se porque o comando do Exército Vermelho, devido às repressões stalinistas de finais dos anos de 1930, era fundamentalmente constituído por comandantes pouco experientes. Não obstante o heroísmo e o espírito de sacrifício dos soldados e oficiais soviéticos, não foi possível travar o inimigo durante as primeiras semanas de guerra. Lutaram até ao último homem os heróis da Fortaleza de Brest, de Minsk, de Kiev, de Odessa e de Leningrado.
Mas a “guerra relâmpago” de Hitler também falhou. Porque, inicialmente, o comando germano planeava conquistar toda a União Soviética durante alguns meses. Mas esse plano falhou: o inimigo, a troco de enormes baixas, foi travado na Batalha de Moscou. Pouco tempo depois, teve lugar uma viragem na guerra: a Batalha de Stalingrado tornou-se um pesadelo terrível para as tropas alemãs. E assim, passo a passo, os hitlerianos foram expulsos do território soviético e, depois, empurrados até Berlim.
A Grande Guerra Pátria terminou com a vitória da URSS. Mas ela foi paga com um enorme preço: sofrimentos humanos e enormes perdas que tiveram de suportar o povo soviético. A 9 de maio de 1945, em Berlim foi assinada a Ata de Capitulação Incondicional da Alemanha. Um mês depois, na praça Vermelha de Moscou realizou-se a Parada dos Vencedores.
O dia 22 de junho, dia do início de uma terrível guerra, foi declarado na Rússia Dia da Memória e da Dor. Em tom o país, as bandeiras são içadas a meia-haste, não se realizam diversões. O país recorda os que deram a sua vida em prol da vitória sobre o fascismo. Para que isso não se repita: em nenhum lugar e nunca.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_06_22/grande-guerra-patria-memoria-e-dor-pelos-herois-1200/
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/news/2014_06_22/grande-guerra-patria-memoria-e-dor-pelos-herois-1200/
quinta-feira, 31 de outubro de 2013
APOIO EM HISTÓRIA PARA PROFESSORES: Ditadura militar e guerrilha no Brasil
COMISSÃO DA VERDADE-RIO REVELA
A FARSA DA CHACINA DE QUINTINO
Um episódio ocorrido em 29 de março de 1972, quando três guerrilheiros da organização VAR-Palmares foram mortos por forças da repressão militar, foi detalhado nesta terça (29), em sessão da Comissão da Verdade do Rio (CEV-Rio) presidida pelo advogado Wadih Damous. Após pesquisas no Arquivo Público do estado e entrevistas com vizinhos de militantes do grupo, membros da comissão conseguiram reconstituir o episódio, que ficou conhecido como Chacina de Quintino, em referência ao bairro onde os guerrilheiros foram mortos.
“A farsa da ditatura [1964-1985] hoje cai. Os militantes não entraram em confronto com os militares. Foram sumariamente executados. Assim dizem as provas técnicas e os vizinhos, que relatam que não houve troca de tiros. Os tiros foram dentro da casa”, disse Wadih.
De acordo com a versão oficial dos militares, Antônio Marcos Pinto de Oliveira (1), Maria Regina Lobo Leite de Figueiredo () e Lígia Maria Salgado Nóbrega (3) morreram durante uma troca de tiros com agentes do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e do Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna do Exército (Doi-Codi).
A pesquisa histórica permitiu, porém, que os membros da comissão remontassem os fatos, mostrando que os jovens foram executados após sofrerem violência dentro da casa, que ficava na então Avenida Suburbana, 8.985, atual Avenida Dom Hélder Câmara. Na época, era comum integrantes de grupos políticos de resistência ao regime militar alugarem imóveis, denominados aparelhos, onde se refugiavam, mantinham suas atividades e produziam material de divulgação.
Entre os documentos fundamentais obtidos pela CEV-Rio, estão os laudos do Instituto Médico Legal (IML) e o depoimento do médico legista Valdecir Tagliare, que assinou a certidão de óbito das vítimas. Segundo a comissão, o médico atestou firmou que “os corpos eram jovens demais, [estavam] bem vestidos, [e eram] visivelmente de classe média”. Conforme o documento do legista, houve esmagamento total das mãos e parte dos braços, o que comprovaria os golpes causados “por armamento pesado”.
Diferentemente da versão oficial dos órgãos de segurança da época, de que houve troca de tiros, o que ocorreu foi uma ação unilateral, uma execução sumária de militantes da organização VAR-Palmares, afirmou Wadih Damous. "Os militantes foram executados. Uma delas, que estava grávida, saiu da casa com as mãos na cabeça e foi sumariamente executada. Pela primeira vez, uma Comissão da Verdade consegue, documentalmente e com base em testemunhos de vizinhos, desmontar essa farsa da ditadura”, disse ele.
Participaram da audiência pública parentes e amigos das vítimas, além de ex-integrantes de grupos que atuaram na clandestinidade durante a ditadura, estudantes e defensores dos direitos humanos. Irmãos e filhos dos militantes deram depoimentos sobre eles. De manhã, alguns deles foram ao local da chacina, onde acenderam velas e rezaram pelos mortos.(ABr)
Postado por ALBERTO MARQUES DIAS às 10/29/2013 07:52:00 PM
segunda-feira, 14 de outubro de 2013
O dia dos professores de minha vida - parte 1
No dia 14 de outubro de 2013, no Restaurante Comida Bem Caseira, ganhei um "feliz dia do Professor".
Tem uma menininha, de uns 6 anos, que ao passar por mim, diz para sua mãe, "olhe o "PRE-FESSOR". A vizinha queria reclamar das árvores do meu jardim, na divisa com ela, me chamou na rua, "Professor, podemos conversar um pouco sobre a sua árvore? Estou com medo dela". Quando estive no Rio de Janeiro, em 1993, na casa de Nelson Werneck Sodré, já tendo escrito diversas cartas para ele, repeti as perguntas ao vivo. O General Professor disse a mim e ao Professor Pedro Ferreira de Freitas, "olha, essas mesmas perguntas um professor de sua cidade tem me feito". Era eu mesmo... hehehehe!!!!
Tenho uma devoção aos professores que tive e insisto com a memória para não esquecê-los. Os dos primeiros cinco anos foram marcantes. Fui alfabetizado por Dona Nadir de Mattos Cardoso, de quem herdei a caligrafia. Ela tinha sido também professora de minha mãe. Era uma senhora de estatura baixa, 1,65m talvez, mãe de vários filhos. Seu marido, Antônio Cardoso tinha um bigodão e trabalhava, acho que na lavoura. Curiosidade de criança, eu ficava imaginando como uma professora podia ser esposa de um homem não professor. Era enérgica. Era desagradável não prestar a atenção ou não fazer as tarefas. Dona Nadir tinha uma auxiliar, a Professora Marlene, jovem e bonita. Mesmo em nossa idade, ficávamos sonhando em namorar a professora. Fui alfabetizado nas antigas cartilhas silábicas. Lembro bem dos cartazes, no centro do quadro negro, naquela época, negro mesmo, com as frases "Eva viu a uva". Depois, na faculdade fui saber das críticas dos educadores para esse tipo de aprendizagem, mas foi nele que eu aprendi. Mas, a cartilha foi detalhe. Dona Nadir gostava de alfabetizar e para todas as séries havia rodízio de professores durante os anos, menos na primeira. Fui para o segundo ano gostando de ler. No segundo e quarto anos, fui aluno da Professora Anna Celuzniak Woyciechowski, mãe do falecido Vereador Geraldo. Polonesa rigorosa, não deixava para menos qualquer sinal de bagunça, mas era apaixonada pela sala de aula. Deixava-me perguntar e me dava castiguinhos quando eu não acertava a resolução dos problemas de Aritmética. Dona Anna dava mais atenção à leitura silenciosa. Com ela nosso livro oficial era o "Vamos estudar" de Theobaldo Miranda Santos, outro autor que foi importante na minha trajetória de leitor. Como sempre que encontrava meus pais, ela elogiava minha participação na sala de aula, eu procurava me desempenhar mais. Eu olhava para Dona Anna e queria ser professor primário, exatamente como ela era. No terceiro ano, Dona Ivani Mendes Machado foi designada pela Professora Lúcia Schafranski Werner, nossa professora. Por ser parente do meu padrasto, portanto, sempre a visitávamos, fiquei desconfortável e com medo de ser entregue por ela. Se isso acontecesse seria surra na certa. Nessa época, o rádio era importantíssimo para quem vivia na roça como pequeno agricultor. Quando nossas mães ficavam em casa, escutavam programas voltados para música rural, educação de filhos e as famosas radionovelas, das quais, me tornei seguidor junto com minha mãe. Bem, a noite fechávamos a casa e o rádio ficava ligado na "Voz do Brasil", não sendo atoa que continuo adepto dele e que tenha influenciado parte da minha formação moral e política naquela fase. Depois da "Voz" seguia o "Projeto Minerva", ao qual eu escutava com caderno e caneta na mão, anotando. Contei para Dona Ivone minhas afeições ao Projeto Minerva. Esta, imediatamente, me arrumou alguns fascículos que permitiam acompanhar o programa no rádio. Meus primeiros professores me davam livros. E não foram os únicos que ganhei de Dona Ivone. Guardo até agora e em lugar especial estes volumes. A 5ª série foi com a Professora Roseli Belz que enfatizava os chamados Estudos Sociais, nome pelo qual o regime militar substitua e diminuía o lugar da História no currículo. Estou convicto que para um regime que desprezava a sofrida e discriminada população brasileira, era importante torcer e esconder os fatos históricos que marcaram a história do povo brasileiro. Dona Rose arriscava-se a dizer e desdizer afirmações consagradas nos livros didáticos oficiais. Professora rígida, enérgica, que só perdia na rigidez para a Diretora da escola, Dona Rose me estimulava, sabendo que eu lia muito em casa, fazendo-me perguntas o tempo todo na sala de aula. A coisa mais gratificante foi, tempos depois, frequentar a casa da própria professora e manter com ela ainda, salutar amizade.
Aquela era uma fase. Tinha que passar. Quando chegou o momento em que devia entrar para o Ginásio, em momentos de reforma educacional proposto pelo regime dos Generais, nós, alunos de uma comunidade rural, viríamos para a cidade estudar e seríamos distribuídos nos diferentes colégios de Ponta Grossa. A direção da escola era quem nos matriculava. Para mim escolheram o Colégio Estadual Regente Feijó, considerado colégio padrão na formação, no preparo para a faculdade e pelo padrão moral na disciplina.
Nos anos seguintes, não me esqueço da Professora Alice Ribeiro, de Estudos Sociais, no Colégio Regente Feijó, Renato de Matemática e do Professor Amilton Alessi.
Na vida universitária, devo minha formação à Professora Carmencita de Holleben Mello Ditzel, Jeferson Mainardes e Ivan Meneguzzo.
Mas tive professores mundo a fora, uns que me ensinaram à distância, Israel de Lima, Davi Nunes dos Santos, Daniel Canfield, John Canfield, Renata Naschtigal, Edmund Spekier, Victor Arndt, Rudolf Friesen, Israel Carlos Biork, Clarence Antrhrum Nickell, Neal Marion Smith. Com todos aprendi o desejo e a importância de estudar, ler, escrever e disseminar a cultura solidária e capaz de transformar o caráter do ser humano.
Não recordo de nenhum professor reclamando do salário, chamando seus alunos de demônios. Contávamos nos dedos as faltas dos que nos ensinavam. Eram pessoas que as víamos nas ruas da vila, que encontrávamos nos armazéns. A aula começava as oito horas e terminava ao meio dia, mas com conteúdo, atividades práticas em sala e muita tarefa.
Tem uma menininha, de uns 6 anos, que ao passar por mim, diz para sua mãe, "olhe o "PRE-FESSOR". A vizinha queria reclamar das árvores do meu jardim, na divisa com ela, me chamou na rua, "Professor, podemos conversar um pouco sobre a sua árvore? Estou com medo dela". Quando estive no Rio de Janeiro, em 1993, na casa de Nelson Werneck Sodré, já tendo escrito diversas cartas para ele, repeti as perguntas ao vivo. O General Professor disse a mim e ao Professor Pedro Ferreira de Freitas, "olha, essas mesmas perguntas um professor de sua cidade tem me feito". Era eu mesmo... hehehehe!!!!
Tenho uma devoção aos professores que tive e insisto com a memória para não esquecê-los. Os dos primeiros cinco anos foram marcantes. Fui alfabetizado por Dona Nadir de Mattos Cardoso, de quem herdei a caligrafia. Ela tinha sido também professora de minha mãe. Era uma senhora de estatura baixa, 1,65m talvez, mãe de vários filhos. Seu marido, Antônio Cardoso tinha um bigodão e trabalhava, acho que na lavoura. Curiosidade de criança, eu ficava imaginando como uma professora podia ser esposa de um homem não professor. Era enérgica. Era desagradável não prestar a atenção ou não fazer as tarefas. Dona Nadir tinha uma auxiliar, a Professora Marlene, jovem e bonita. Mesmo em nossa idade, ficávamos sonhando em namorar a professora. Fui alfabetizado nas antigas cartilhas silábicas. Lembro bem dos cartazes, no centro do quadro negro, naquela época, negro mesmo, com as frases "Eva viu a uva". Depois, na faculdade fui saber das críticas dos educadores para esse tipo de aprendizagem, mas foi nele que eu aprendi. Mas, a cartilha foi detalhe. Dona Nadir gostava de alfabetizar e para todas as séries havia rodízio de professores durante os anos, menos na primeira. Fui para o segundo ano gostando de ler. No segundo e quarto anos, fui aluno da Professora Anna Celuzniak Woyciechowski, mãe do falecido Vereador Geraldo. Polonesa rigorosa, não deixava para menos qualquer sinal de bagunça, mas era apaixonada pela sala de aula. Deixava-me perguntar e me dava castiguinhos quando eu não acertava a resolução dos problemas de Aritmética. Dona Anna dava mais atenção à leitura silenciosa. Com ela nosso livro oficial era o "Vamos estudar" de Theobaldo Miranda Santos, outro autor que foi importante na minha trajetória de leitor. Como sempre que encontrava meus pais, ela elogiava minha participação na sala de aula, eu procurava me desempenhar mais. Eu olhava para Dona Anna e queria ser professor primário, exatamente como ela era. No terceiro ano, Dona Ivani Mendes Machado foi designada pela Professora Lúcia Schafranski Werner, nossa professora. Por ser parente do meu padrasto, portanto, sempre a visitávamos, fiquei desconfortável e com medo de ser entregue por ela. Se isso acontecesse seria surra na certa. Nessa época, o rádio era importantíssimo para quem vivia na roça como pequeno agricultor. Quando nossas mães ficavam em casa, escutavam programas voltados para música rural, educação de filhos e as famosas radionovelas, das quais, me tornei seguidor junto com minha mãe. Bem, a noite fechávamos a casa e o rádio ficava ligado na "Voz do Brasil", não sendo atoa que continuo adepto dele e que tenha influenciado parte da minha formação moral e política naquela fase. Depois da "Voz" seguia o "Projeto Minerva", ao qual eu escutava com caderno e caneta na mão, anotando. Contei para Dona Ivone minhas afeições ao Projeto Minerva. Esta, imediatamente, me arrumou alguns fascículos que permitiam acompanhar o programa no rádio. Meus primeiros professores me davam livros. E não foram os únicos que ganhei de Dona Ivone. Guardo até agora e em lugar especial estes volumes. A 5ª série foi com a Professora Roseli Belz que enfatizava os chamados Estudos Sociais, nome pelo qual o regime militar substitua e diminuía o lugar da História no currículo. Estou convicto que para um regime que desprezava a sofrida e discriminada população brasileira, era importante torcer e esconder os fatos históricos que marcaram a história do povo brasileiro. Dona Rose arriscava-se a dizer e desdizer afirmações consagradas nos livros didáticos oficiais. Professora rígida, enérgica, que só perdia na rigidez para a Diretora da escola, Dona Rose me estimulava, sabendo que eu lia muito em casa, fazendo-me perguntas o tempo todo na sala de aula. A coisa mais gratificante foi, tempos depois, frequentar a casa da própria professora e manter com ela ainda, salutar amizade.
Aquela era uma fase. Tinha que passar. Quando chegou o momento em que devia entrar para o Ginásio, em momentos de reforma educacional proposto pelo regime dos Generais, nós, alunos de uma comunidade rural, viríamos para a cidade estudar e seríamos distribuídos nos diferentes colégios de Ponta Grossa. A direção da escola era quem nos matriculava. Para mim escolheram o Colégio Estadual Regente Feijó, considerado colégio padrão na formação, no preparo para a faculdade e pelo padrão moral na disciplina.
Nos anos seguintes, não me esqueço da Professora Alice Ribeiro, de Estudos Sociais, no Colégio Regente Feijó, Renato de Matemática e do Professor Amilton Alessi.
Na vida universitária, devo minha formação à Professora Carmencita de Holleben Mello Ditzel, Jeferson Mainardes e Ivan Meneguzzo.
Mas tive professores mundo a fora, uns que me ensinaram à distância, Israel de Lima, Davi Nunes dos Santos, Daniel Canfield, John Canfield, Renata Naschtigal, Edmund Spekier, Victor Arndt, Rudolf Friesen, Israel Carlos Biork, Clarence Antrhrum Nickell, Neal Marion Smith. Com todos aprendi o desejo e a importância de estudar, ler, escrever e disseminar a cultura solidária e capaz de transformar o caráter do ser humano.
Não recordo de nenhum professor reclamando do salário, chamando seus alunos de demônios. Contávamos nos dedos as faltas dos que nos ensinavam. Eram pessoas que as víamos nas ruas da vila, que encontrávamos nos armazéns. A aula começava as oito horas e terminava ao meio dia, mas com conteúdo, atividades práticas em sala e muita tarefa.
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